quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Florbela Espanca




                                                                                                       Florbela Espanca

Escreve-me! Ainda que seja só
Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto d'açucenas!



Escreve-me!  Há tanto,há tanto tempo
Que te não vejo, amor! Meu coração
Morreu já,e no mundo aos pobres mortos
Ninguém nega uma frase d'oração!



"Amo-te! "Cinco letras pequeninas,
Folhas leves e tenras de boninas,
Um poema d'amor e felicidade!



Não queres mandar-me esta palavra apenas?
Olha, manda então...brandas...serenas...

Cinco pétalas roxas de saudade...


BIOGRAFIA


Florbela Espanca (Vila Viçosa, 8 de Dezembro de 1894 - Matosinhos, 8 de Dezembro de 1930), batizada com o nome Flor Bela de Alma da Conceição Espanca, foi uma poetisa portuguesa.

Filha de Antónia da Conceição Lobo, empregada de João Maria Espanca, que não a reconheceu como filha. Porém com a morte de Antónia em 1908, João e sua mulher Maria Espanca criaram a menina. O pai só reconheceria a paternidade muitos anos após a morte de Florbela.

Em 1903 Florbela Espanca escreveu o primeiro poema de que temos conhecimento, A Vida e a Morte. Casou-se no dia de seu aniversário em 1913, com Alberto Moutinho. Concluiu um curso de Letras em 1917, inscrevendo-se a seguir no curso de Direito, sendo a primeira mulher a frequentar este curso na Universidade de Lisboa.

Sofreu um aborto involuntário em 1919, ano em que publicaria o Livro de Mágoas. É nessa época que Florbela começa a apresentar sintomas mais sérios de desequilíbrio mental. Em 1921 separou-se de Alberto Moutinho, passando a encarar o preconceito social decorrente disso. No ano seguinte casou-se pela segunda vez, com António Guimarães.

O Livro de Soror Saudade é publicado em 1923. Florbela sofreu novo aborto, e seu marido pediu o divórcio. Em 1925 casou-se pela terceira vez, com Mário Laje. A morte do irmão, Apeles (num acidente de avião), abala-a gravemente e inspira-a para a escrita de As Máscaras do Destino.

Tentou o suicídio por duas vezes em outubro e novembro de 1930, às vésperas da publicação de sua obra-prima, Charneca em Flor. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, suicida-se no dia do seu aniversário, 8 de Dezembro de 1930, utilizando uma dose elevada de veronal. Charneca em Flor viria a ser publicado em Janeiro de 1931.

Precursora do movimento feminista em Portugal, teve uma vida tumultuada, inquieta, transformando seus sofrimentos íntimos em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização e feminilidade.



BIBLIOGRAFIA


* Livro de Mágoas, Lisboa, Tipografia Maurício, 1919.

* Livro de Mágoas Sóror Saudade, Lisboa, Tipografia A Americana, 1923.

* Charneca em Flor, Coimbra, Livraria Gonçalves, 1931.

* Charneca em Flor (com 28 sonetos inéditos), Coimbra, Livraria G
onçalves, 1931.

* Cartas de Florbela Espanca, (a Dona Júlia Alves e a Guido Battelli), Coimbra, Livraria Gonçalves, 1931.

* As Máscaras do Destino, Porto, Editora Maranus, 1931.

* Sonetos Completos, (Livro de Mágoas, Livro de Sóror Saudade, Charneca em Flor, Reliquiae), Coimbra, Livraria Gonçalves, 1934.

* Cartas de Florbela Espanca, Lisboa, Edição dos Autores, s/d, prefácio de Azinhal Abelho e José Emídio Amaro(1949).

* Diário do último ano, Lisboa, Bertrand, 1981, prefácio de Natália Correia.

* O Dominó Preto, Lisboa, Bertrand, 1982, prefácio de Y. K. Centeno.

* Obras Completas de Florbela Espanca, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1985-1986, 08 vols., edição de Rui Guedes.

* Trocando Olhares, Lisboa, Imprensa Nacional/ Casa da Moeda, 1994; estudo introdutório, estabelecimento de textos e notas de Maria Lúcia Dal Farra.







     "Florbela", de Vicente Alves do Ó, ultrapassou a barreira dos 40 mil espectadores. Este feito foi anunciado pela Ukbar Filmes, através da sua página do Facebook, que aproveitou a ocasião para realçar o facto de "Florbela" ainda estar em circuito comercial, nomeadamente no Cinema City Alvalade. Este resultado sonoro promete não ficar por aqui, visto que o filme ainda continua o seu percurso em tournée com debates com o realizador e elenco pelo país, uma iniciativa que tem sido bem sucedida e marcada por salas cheias. 
[...] o filme apresenta uma rara beleza, mesclando um argumento interessante, excelentes interpretações e um trabalho muito seguro de Vicente Alves do Ó, que envolvem o espectador numa obra cinematográfica apaixonante. A aderência do público apenas vem confirmar a qualidade do projeto e o excelente trabalho que tem vindo a ser feito a nível da divulgação do filme, sendo notório o esforço de todos os envolvidos em procurarem chegar o mais próximo possível do público e a terem orgulho em mostrar o seu trabalho.



FANATISMO

                                   Florberla Espanca

Minh' alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver
Não és sequer a razão do meu viver
pois que tu és já toda minha vida
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história, tantas vezes lida!
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina, fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como um deus: princípio e fim!...



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