quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Teoria Literária: O Formalismo Russo



Por: Valéria Queiroz Menezes

Só como fenômeno estético a existência e o
mundo aparecem eternamente justificados.

O Formalismo Russo foi uma escola de crítica literária da Rússia de 1910 até 1930. Dela fazem parte acadêmicos russos e soviéticos, tais como, Vítor Sklovski, Yuri Tynyanov, Boris Eichenbaum, Roman Jakobson e Gregory Vinokut. Caracterizado por enfatizar o papel funcional dos dispositivos literários e sua concepção de história literária, defenderam um método científico para estudar a linguagem poética excluindo assim, abordagens psicológicas e histórico-culturais. Possuía dois princípios: a literatura por ela mesma, os fatos literários devem ser priorizados sobre os compromissos metafísicos da crítica literária. Distinguiram linguagem poética de linguagem prática para os formalistas as qualidades emocionais de uma obra literária são secundárias, as combinações lingüísticas adquirem valor nelas mesmo. Assim, rompe com a estética, a ciência do belo e a filosofia. As principais noções do Formalismo são: a noção de estranhamento, isto é, a desautomatização que a obra causa e a literalidade, que constitui no fato o qual garante a literatura como ela é. Os formalistas propuseram em forma de arte, uma própria renovação no estudo do signo, tentaram entender dentro do texto como ele foi construído de um ponto de vista fonético e fonológico não levando em conta o contexto. A recepção do Formalismo Russo na Europa aconteceu quarenta anos depois dos formalistas iniciarem seus estudos.
            O New Criticism refere-se invariavelmente aos nomes e aos trabalhos dos críticos americanos John Growe Ranson, Willian K. Wimsatt, Cleanth Penn Warren e ao do filósofo Monroe Beardsley, os quais escreveram as suas obras mais influentes durante as décadas de 40 e 50. A designação surgiu a partir do título de uma das obras de John Growe Ranson, publicada em 1941.
            Segundo o New Criticism uma das qualidades da poesia é a tensão, Brooks ressalta o que se deve destacar no texto: tensões, paradoxos, ambivalências, ironia. A inversão associada à linguagem afetiva. Segundo os críticos essa massificação propõe a falácia da comunicação, e esta se dá de duas maneiras: intencional que constitui um erro da crítica literária que apenas aprecia uma obra de arte em função da intenção originais do autor e a afetiva, isto é, quando se produz juízos críticos condicionados por valores afetivos. Deve-se segundo os New Criticism, buscar a inferência e o porquê da relação entre o ritmo e a proposta temática, alcançar a abstração.
            Quando melhor for a relação do tema com a estrutura do texto, desvio, estranhamento, a in-tesão, isto é, tensão interna do poema melhor será a obra de arte. A poesia, nesta perspectiva, produz a morte semântica dando lugar ao estudo da forma.
            O Estruturalismo é uma corrente de pensamento nas ciências humanas que se inspirou no modelo da Lingüística e que apreende a realidade social como um conjunto formal de relações. O termo “estruturalismo” origina-se no Cóurs de Linguiste Génerale de Ferdinand de Saussure.
            Surge como uma forma de reação contra o estudo genético da literatura e contra abordagens extrínsecas aparece como uma afirmação imanentista em crítica literária. O objeto constitui, segundo os estruturalistas, um sistema de relações, um todo. O Estruturalismo cria um método ou análise formal de um objeto.
            Roman Jakobson escreveu uma das mais relevantes considerações da postura formalista, a qual define poesia como linguagem em sua função estética. Desse modo, o objeto de estudo literário não era a literatura, mas a literalidade, ou seja, aquilo que torna determinada obra uma obra literária. Da mesma forma que os formalistas não admitiam nenhuma informação que fosse extra textual assim os fizeram os News Criticism que não admitiam nenhuma outra informação além da contida no texto, a crítica estruturalista foi influenciado pelo Formalismo Russo distinguia-se por analisar as obras literárias por meio da ciência dos signos, isto é a relação subjacente dos elementos.
Pode-se concluir, que tanto o Formalismo, quanto o New Criticism e o Estruturalismo buscavam uma análise do objeto por ele mesmo, a subjetividade, fatos históricos etc. não interferiam na formação do belo a arte era analisada por ela mesma.

           A obra a seguir, Família, é de autoria de Pablo Picasso, principal expoente do Cubismo, movimento artístico que ocorreu entre 1907 e 1914. Movimento Vanguardista que influenciara correntes literárias na Europa. O cubismo tratava as formas da natureza por meio de figuras geométricas, representando as partes de um objeto no mesmo plano. A representação do mundo passava a não ter nenhum compromisso com a aparência real das coisas, dessa forma sugere a estrutura dos corpos, dessa forma sugere a estrutura dos corpos ou objetos. Privilegia a forma. Os elementos eram decompostos em partes, dessa maneira o artista registra todos os elementos em planos sucessivos e superpostos, esta fragmentação foi tão grande que aos poucos se tornou impossível o reconhecimento de qualquer figura nas pinturas cubistas. Reagindo a essa fragmentação e tentando rejeitar  a destruição da estrutura, o Cubismo sintético procura tornar as figuras novamente reconhecíveis, introduz como numa colagem, letras, palavras, etc. intencionando ultrapassar os limites das sensações visuais.
           O Cubismo foi um movimento vanguardista que influenciou a crítica literária. É possível afirmar que o New Criticism, movimento da teoria literária, surgido nos anos 20 nos Estados Unidos, possuía princípios que perpassava por ideais cubistas. Ele propõe, assim com os cubistas, separação do objeto artístico do autor rompendo com o biografismo, rejeita os contextos sociais ou culturais, privilegia a análise do objeto em si.
         É possível também afirmar que tanto o Estruturalismo quanto o Formalismo Russo adotaram preceitos cubistas, na medida que podemos afirmar que a forma era privilegiada em detrimento ao contexto. A obra de arte se constituía como tal a partir do momento em que provocasse a desautomatização. Desse modo a obra de arte assim como a obra literária era considerada em sua função estética, o belo por si mesmo. A obra de arte deveria se afastar de quaisquer aspectos que não fosse centrado nela. Assim, era um fato material plausível de análise como diria os Formalistas.





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